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Saúde dos Filhos em Risco: Como a Adultização Infantil Afeta Meninos e o Papel do Pai

Tem assuntos que homens, principalmente quando são pais, não podem ignorar. E o vídeo do influenciador Felca, que trouxe à tona a adultização infantil, é um desses. Em quase 50 minutos, ele escancarou o que muitos de nós já percebíamos, mas talvez não tivéssemos coragem de admitir ou a dimensão exata do problema: nossas crianças estão sendo adultizadas, expostas e sexualizadas sem nenhum filtro. E, o que é mais preocupante, às vezes com omissão ou até aval de quem deveria protegê-las.

Como sexóloga e alguém que atua na área da educação sexual há anos, vejo essa realidade de perto e sei o quão perigoso isso pode ser para o desenvolvimento saudável de nossos meninos. Este artigo não é pra gerar pânico, mas para trazer consciência e ação. E também para parabenizar o Felca pela coragem de colocar luz nesse assunto tão delicado, urgente e necessário. Vamos falar sobre o que é adultização infantil, quais os riscos reais disso na vida dos nossos filhos – especialmente os meninos – e o que os pais e a sociedade, podem (e devem) fazer para mudar esse cenário.

O que é Adultização Infantil? Riscos e Impactos no Desenvolvimento dos Meninos

Adultização infantil é quando uma criança ou adolescente é exposta a comportamentos, estéticas ou contextos que não condizem com a sua idade. Isso inclui roupas sensuais, danças sexualizadas, linguagem adulta, exposição exagerada nas redes sociais e até cirurgias plásticas feitas em adolescentes – como mostrou o caso da Kamylinha, citado por Felca.

O grande problema não está só na estética. O que está em jogo é o desenvolvimento emocional e psicológico dessa criança. Quando um menino é exposto a uma performance ou expectativa adulta precoce, ele pode ter sua infância roubada, sendo forçado a lidar com questões que não são da sua idade.

A infância não é uma fase descartável. Ela é essencial para a formação da identidade, autoestima, senso crítico e percepção de limites. Quando a gente pula etapas, cria um vácuo emocional que vai cobrar um preço altíssimo mais para frente, em forma de ansiedade, insegurança, distorção de valor próprio e, em muitos casos, maior vulnerabilidade a abusos ou comportamentos de risco na adolescência. Para meninos, a adultização pode vir com uma pressão extra para serem “fortes” ou “machos” antes da hora, impactando sua capacidade de expressar emoções e buscar ajuda.

O Perigo do “Algoritmo P”: Como as Redes Sociais Potencializam a Exposição Infantil

Um dos pontos mais graves que o Felca trouxe no vídeo foi o que ele chamou de “algoritmo P”. Segundo ele, ao interagir com conteúdos de crianças em situações sensuais, o algoritmo das redes começa a entregar “mais do mesmo”, criando um ciclo perigoso de visibilidade e recompensa. É aí que a exposição vira exploração.

Parece exagero? Infelizmente, não é. O caso de Caroliny Dreher, por exemplo, mostra até onde isso pode chegar: grupos pagos em Telegram, conteúdos direcionados a pedófilos e uso da imagem da adolescente como produto sexualizado. Tudo com o consentimento (ou conveniência) dos próprios responsáveis.

Nossas crianças não estão tendo liberdade. Estão sendo empurradas para uma vitrine onde o corpo vale mais que a infância, e onde curtidas são tratadas como moeda. O que está faltando é adulto com coragem de dizer “não”. E, como pais, precisamos ser a linha de frente nessa batalha pela infância de nossos filhos.

Sinais de Alerta: O Que Não Tolerar na Exposição e Comportamento Infantil Online

Não é normal familiar postar vídeo do sobrinho criança ou adolescente dançando funk e achar “fofo”.
Não é normal deixar criança seguir influenciador adulto que fala de sexo o tempo todo.
Não é normal rir ou incentivar comentários sobre o corpo dos filhos.
Não é normal dar celular desbloqueado na mão de criança de 7 anos.

Esses “nãos” precisam vir de casa. É papel dos pais e responsáveis proteger os filhos de ambientes, conteúdos e comportamentos que ultrapassam o limite do saudável. Isso inclui:

  • Não permitir exposição corporal em redes sociais;
  • Monitorar com quem a criança interage online;
  • Não permitir que parentes façam comentários de duplo sentido com a criança;
  • Restringir acesso a conteúdos inapropriados para a idade;
  • Evitar jogos, vídeos e músicas com conotação sexual;
  • Dizer “não” para modas que ferem o tempo da infância (unhas longas, roupas sensuais, etc).

Proteção Equilibrada: Orientações Práticas para Pais

A solução não é prender a criança numa bolha. É educar com consciência. Ensinar o que é corpo, o que é carinho, o que é abuso e o que é respeito. Crianças precisam saber, sim, sobre seus corpos, mas de um jeito que respeite seu tempo emocional.

Aqui vão algumas dicas essenciais para pais:

  • Redes sociais: crianças até 12 anos não precisam ter perfil aberto. Muito menos seguidores adultos.
  • Ambientes: evite deixar crianças expostas em festas com adultos alcoolizados, músicas sexualizadas ou onde o corpo vira foco.
  • Conversa: fale sobre consentimento desde cedo. Use histórias, livros e situações cotidianas para ensinar limites.
  • Regras de uso de celular: coloque senhas, horários e aplicativos de controle parental. O celular não pode ser babá eletrônica.
  • Autoconhecimento sexual saudável: quando seu filho perguntar sobre sexo, não fuja. Fale com honestidade, na linguagem dele.

Guia Rápido: Dúvidas Comuns sobre Educação Sexual e o Papel do Pai

Vamos descomplicar algumas das dúvidas mais frequentes para pais:

1. Quando começar a falar de sexo com meu filho?
Desde sempre. Aos 2 anos, já se pode ensinar sobre partes íntimas, higiene e que “ninguém pode tocar ali”. A conversa vai evoluindo conforme a idade. O importante é criar um canal aberto e natural desde o início.

2. Que tipo de conteúdo cada faixa etária pode consumir?
É crucial a supervisão. De 0 a 2 anos, nada de telas; foco em vínculo e brincadeiras reais. De 2 a 5 anos, desenhos lúdicos e educativos, sempre com supervisão. A partir dos 5, introduza o corpo humano e sentimentos. Adolescentes (12 a 17 anos) podem ter acesso à internet segura e diálogo sobre relações, mas sempre com sua orientação e monitoramento.

3. Com que idade o adolescente pode começar a namorar?
O ideal é que seja após os 14 anos, com acompanhamento emocional e orientação dos pais. É fundamental que ele entenda a importância do respeito mútuo e da comunicação nesse novo tipo de relacionamento.

4. Como os pais podem criar um ambiente de diálogo aberto sobre sexualidade com adolescentes?
Comece cedo, abordando o tema de forma natural e sem tabus. Ouça mais do que fala, demonstrando interesse genuíno nas dúvidas e sentimentos do seu filho. Use notícias, filmes ou situações do dia a dia como ganchos para iniciar conversas. Aqui mesmo no meu blog e no meu canal do YouTube você pode encontrar muitas respostas. Seja honesto, use linguagem apropriada para a idade e esteja preparado para responder perguntas difíceis. Mostre que você é uma fonte segura de informação e apoio.

5. Qual a idade adequada para começar a ter relações sexuais?
A idade legal para consentimento sexual no Brasil é 14 anos, mas o mais importante é que haja maturidade emocional, respeito e consentimento. E isso só acontece com muito diálogo em casa. Não há uma idade “certa” universal, mas sim o momento em que o adolescente está preparado emocionalmente, entende os riscos e as responsabilidades envolvidas, e a decisão é mútua e respeitosa.

6. Quais os riscos e consequências de crianças terem acesso a conteúdo de sensualização explícita de outras crianças?
Os riscos são altíssimos e as consequências devastadoras. A exposição a esse tipo de conteúdo rouba a infância, distorce a percepção do corpo e da sexualidade, gera ansiedade, insegurança e pode levar à adultização precoce, com a criança internalizando uma imagem distorcida de si mesma e do que é ser “adulto”. Crianças expostas se tornam mais vulneráveis a predadores e abusos, pois podem não ter clareza sobre limites, consentimento e a malícia por trás de certas interações. Na infância, o impacto é ainda maior, pois a criança está em formação e não possui ferramentas emocionais e cognitivas para processar adequadamente essas informações, deixando marcas profundas em seu desenvolvimento.

7. Dicas práticas – como dar limites sem sufocar?
Dar limites é um ato de amor, cuidado e proteção, essencial para o desenvolvimento seguro e saudável do seu filho, e não deve ser confundido com sufocamento. Seja firme e consistente nas regras que visam a segurança e o bem-estar, mas explique o porquê delas de forma clara e adequada à idade do seu filho, incentivando a compreensão em vez da obediência cega.

Incentive o diálogo, ouça suas opiniões e sentimentos com respeito e, sempre que possível, negocie as regras dentro de limites seguros e razoáveis para promover a autonomia gradual.

Ofereça alternativas saudáveis e interessantes para o uso excessivo de telas e redes sociais, como brincadeiras ao ar livre, esportes, leitura, atividades criativas e momentos de qualidade em família, mostrando que há um mundo vasto e enriquecedor além do digital. Mostre que você confia nele, mas que a supervisão e o estabelecimento de limites são necessários para garantir sua segurança física e emocional em um mundo com tantos desafios.

Sua Voz Salva: Canais de Denúncia

Se você souber de algum caso de exploração, abuso ou exposição indevida de crianças, denuncie. A sua voz pode salvar uma infância.

Juntos, podemos proteger nossas crianças e garantir que elas vivam uma infância plena e segura. Compartilhe este artigo e ajude a espalhar essa mensagem vital.